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domingo, 30 de setembro de 2007

NATAL EM TEMPO DE GUERRA ... 5

Eram já cinco horas, quando apareceu o avião.
A tropa detestava a presença destes aparelhos. Davam a conhecer ao inimigo a posição. Também porque traziam, quase sempre, presságios de má sorte. Mas nem tudo eram desvantagens. Se não fossem estas gloriosas máquinas voadoras, nunca certos comandantes haviam de ver, ao menos de longe, os sítios da guerra!
– Cobra, aqui Pardal. Leve-me à sua vertical.
Era sempre a mesma cegada. Até que não se indicasse claramente onde se estava, não ficavam satisfeitos. O capitão franziu o sobrolho e lá foi dando as indicações.
– Ok Cobra, vi perf
eitamente a sua posição. É fundamental para a festa de amanhã. Se não tem nada, Bravo Tango e terminado.
O avião afastou-se, deixando de se ouvir em poucos segundos.
A mata tropical voltou ao silêncio. Daqui até ao anoitecer, tudo seria paz na terra da guerra. Os raios de sol caminham para o rápido ocaso, violento, como a terra que iluminam, escoando-se entre o arvoredo.
O capitão sentou-se no toro de uma das muitas árvores seculares, e estendeu a carta da região no solo. Orientou a carta pela bússola e tomou notas. Com o cansaço bem estampado no rosto, limpou o suor que lhe corria com o "quico", abriu o bornal da cintura e tirou a eterna ração de combate. Como um autómato, comeu uma lata de sardinhas com um bocado de pão duro. Quando terminou, limpou a boca às costas da mão e bebeu dois golos de água morna do cantil.
Fora mais um piquenique na guerra!
Não tardou em anoitecer. Os homens descansavam e dormiram, enrolados nos panos de tenda e nos ponchos, e dormiram de um sono só. Tinham andado a pé mais de nove horas.
O inimigo não dava sinais de vida.
Choveu copiosamente durante toda a noite. Quando nasceu o sol parou de chover. O ar de neblina e a humidade, trazia o característico cheiro da mata. A atmosfera urdira nevoeiro ténue, teia quase irreal de homens, árvores, armas e raios de sol, como focos de um enorme palco.
Antes das dez horas, começou o esperado e desesperado dia D, com o avião a sobrevoar a posição.
– Cobra, aqui Pardal. Informo não ser possível efectuar o bombardeamento, porque antes do meio-dia não há tecto para os falcões
[1]. Não podemos atrasar. Desencadeie, imediatamente, o golpe de mão. O objectivo principal está no morro, azimute 82. Desça a encosta onde se encontra até encontrar um pequeno riacho. No outro lado e a cerca de cem metros do rio, começa o objectivo. As cubatas estão dispersas debaixo das árvores. O trilho leva ao objectivo. Diga se entendeu correcto. Escuto.
– Ok, Pardal, entendido. Rogo informe se Marte ou Neptuno
[2] se encontram nesse. Escuto.
– Afirmativo. É Neptuno que está transmitindo. Escuto.
– Ok, Pardal. Diga-me qual a posição de Trovão
[3] e onde posso encontrar uma clareira para fazer fogo de morteiro. Escuto.
– Trovão encontra-se junto à ponte do Totobola, na picada nova, quadrado noventa do transparente de operações. Por aqui não há clareiras para utilizar o morteiro. Tem um morro de capim, azimute 220, mais ou menos mil metros, mas não o pode utilizar. Iria atrasar a operação. Escuto.
O capitão limpou um suor frio da testa com o "quico ". Sem qualquer apoio de fogo e sem qualquer hipótese de surpresa, teria de atacar o mais forte reduto inimigo. Era impossível que não tivessem sido já detectados. O tão almejado golpe de mão, iria certamente, transformar-se numa ratoeira. Num banho de sangue!
– Cobra, aqui Pardal. Inicie imediatamente a marcha.
– Ok, Pardal. Neptuno, isto não me cheira nada bem. Escuto.
– Spartacus, aqui Neptuno. Deixe-se de considerações e cumpra a ordem. Para trás mija a burra. Boa sorte e Victor Charlie
[4].
– Obrigado, Victor Charlie.
As ordens foram transmitidas aos grupos de combate, e destes às equipas de combate.
Os soldados sabiam exactamente a quem competia ir à frente, dentro de cada grupo e dentro de cada equipa, qual era agora o primeiro.
Em combate os gestos e os actos são mecânicos e automáticos. Nunca há voluntários. Simplesmente há destino. Cada um tem o seu.
O estacionamento foi levantado e as latas das rações enterradas e disfarçadas para não poderem vir a ser utilizadas para armadilhas.
Junto do capitão veio o soldado a quem competia agora, ir à frente, receber as ordens. Era natural do Algarve. Forte e entroncado, contrasta no seu aspecto rude, a cara de menino loiro. No jeito cantado dos algarvios, interpelou:
– Meu capitão, posso fazer fogo de reconhecimento?
– Olha Silva, o fogo de reconhecimento só faz bem aos nervos. Se puderes evitar de o fazer, muito bem, se não... – voltando-se para o outro soldado que ali estava, continuou:
– Quirino, metes a tua equipa em linha, dentro da mata. Evita o trilho. Ouviste bem?
– Sim, meu capitão.
– Os comandantes dos grupos de combate e os comandantes das secções verificam o equipamento, e se todos têm as armas prontas a fazer fogo. O Madeira vai com a MG na terceira equipa. Só faz fogo para o lado direito. Deve ser desse lado que devem vir as emboscadas. No rio, quase seco, a progressão é feita por lanços. Somente depois de termos ocupado a outra margem é que se inicia a travessia. Uma equipa de cada vez. Você, Hélder, aguente deste lado, com três equipas. Tem de assegurar uma eventual retirada. Veja se não há fogo cruzado. O morteiro, a bazuca e a outra metralhadora MG ficam na minha equipa. Só fazem fogo à ordem. A bazuca emprestada pela CCS vai com o Marinho. Alguém quer fazer alguma pergunta?
Não houve resposta.
O perigo estava estampado em todos os rostos.
O capitão continuou:
– A maior atenção aos sinais de combate. Muita sorte para todos. Silva, está a andar...
O Zé Inácio bate nas costas do capitão, dizendo:
– Mê capitão, o “turra” está a dizer que aqui todos os trilhos estão armadilhados. O gajo devia ir em primeiro lugar, de "arrebenta" minas, nã é mê capitão?
– Olha, Zé aqui já não há perigo de nos perdermos. Não ouviste de madrugada o cantar dos galos?
– Ouvi, si senhor. Os filhos de uma magana devem estar aqui bem perto.
– Mais perto do que tu imaginas, Zé.

JS
(cont.)
[1] Aviões a jacto de ataque ao solo
[2] Códigos para o comandante e oficial de operações
[3] Código da companhia que ia no outro eixo em sobrapoio
[4] Viva a Cavalaria

MARCHA DO BATALHÃO - A LETRA E MÚSICA

Letra da Marcha do Batalhão de Cav. 1883
O DRAGÃO - nº 4 de Novembro de 1966


Quem não se lembra do POÇO

O DRAGÃO - nº 4 de Novembro de 1966

MENSAGEM DE NATAL

O DRAGÃO - nº 5 de Dezembro de 1966

QUERIDA MÃE




O DRAGÃO - nº 5 de Dezembro de 1966

O NATAL

O DRAGÃO - nº 5 de Dezembro de 1966

O TORREÃO

O DRAGÃO - nº 5 de Dezembro de 1966

O NATAL

O DRAGÃO - nº 5 de Dezembro de 1966

Convívio do Batalhão (2)

CONVÍVIOS DO BATALHÃO

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

NATAL EM TEMPO DE GUERRA ... 4

A coluna auto segue, em marcha muito lenta, sobre o barro pegajoso e vermelho da picada.
Cai uma viatura num dos buracos.
Os soldados montam automaticamente a segurança. Outros, água pelos joelhos, lama até aos olhos, ajudam a desatascar esta, mais aquela viatura que patina na lama.
Puxa daqui, empurra de acolá, o suor e o barro fundem-se numa crosta que lhes acentua os traços dos rostos quase imberbes.
– Ó pá solta o guincho dessa Berliet...
– Acelera um pouco... mais… mais… acelera menos... atolaste esta merda!!!
– És um nabo, ó maçarico!
– Maçarico, é a puta da tua mãe!
– Vá, agora... mete aqui uns ramos, para ver se esta merda arranca...
– Atenção à segurança! Atenção à segurança!
– Esta chocolateira já está safa. Anda lá agora tu, óh nabo!
– Isso... se acelerares certo e sem parar, essa coisa anda!
– Óh meu alferes, aquele sacana do Quirino está sempre a baldar-se.
– Olhem lá a segurança.
– Já estamos neste atoleiro há mais de duas horas.
– Éh pá, não deixes molhar a MG
– Já abriste a tua ração de combate?
– Os “turras” são uns gajos porreiros. Há tanto tempo que aqui estamos e ainda não chatearam!
– Quando chegarmos às palmeiras, as viaturas abrandam um pouco, e a malta salta em andamento. Você, que vai na testa da coluna, começa a saltar assim que passarmos o terreiro da antiga sanzala. Você, Marinho, diz aos furriéis para mandarem saltar os homens por equipas, e em numeração seguida. Cuidado com os disparos fortuitos ao saltar e a ver se não partem nenhuma G-3,
[1] ao caírem. O ponto de reunião será junto ao rio, que está em baixo e a um morro de pedra que se distingue perfeitamente. Agora escutem com atenção: esta operação não é nenhum piquenique. Será tanto mais fácil conforme os cuidados que tivermos, e evitarmos erros. Os alferes passam novamente revista ao pessoal e viaturas. Boa sorte a todos. Zé, vai dizer lá à frente para começarem a andar.


Os dois grupos de combate reduzidos iniciam a progressão apeada no terreno controlado pelo inimigo. Agora tudo pode acontecer. A marcha a corta-mato é violenta e extenuante.
Um rapaz negro, de vinte e poucos anos, um guerrilheiro capturado, serve de guia. Parece conhecer bem o terreno. Ele e os soldados já são amigos de toda a vida.
Começou a subida, a poder de catana, de um monte de densa floresta. Ao chegar ao cimo, o capitão manda fazer o primeiro alto. A paragem será de três horas. O calor e a humidade são muito fortes.
– Hélder, dê uma volta ao seu grupo de combate para ver como estão os homens. Você, Marinho, faça o mesmo. Recomendem mais uma vez que isto não é para graças. Mandem as armas pesadas para o pé de mim, e o Madeira que traga a metralhadora e enfie a clareira daquele lado da encosta. Não há fogueiras para fazer petiscos com as rações de combate.
– Quer comer alguma coisa, mê capitão?
– Obrigado, Zé. Deixa aqui a ração, e vai chamar o nosso furriel das transmissões.
– Sim, mê capitão.
O furriel Alves Pereira chegou em seguida.
– Chamou, meu capitão?
– Alves Pereira, montem uma antena horizontal para ver se temos contacto.
– O.K., meu capitão.
– Mê capitão, quer um pão com omeleta de chouriço e ovo, que eu pedi ao cozinheiro p'ra arranjar?
– És uma máquina, Zé, dá-me dali o cantil.
As nuvens ameaçam chuva. A chuva é o grande aliado dos golpes de mão. Torna mais difícil a detecção da aproximação.
Eram quase quatro da tarde. No meio de uma mata muito densa, onde se ouvia já o ruído das águas revoltas e barrentas do Dange, foi montado o estacionamento para pernoitar. Os grupos de combate tomaram as precauções rotineiras, montando em estrela, os postos de escuta de sentinelas dobradas. Os homens em qualquer parte encontravam sempre forma de se instalarem o mais confortavelmente.
Foi novamente montada a antena horizontal do posto de rádio GRc-9. Do outro lado, no Comando, o posto estava em escuta permanente.
JS
(cont.)
[1] Espingarda automática

NATAL EM TEMPO DE GUERRA ... 3

A chuva sempre forte continua a fustigar. Tamborila a chapa canelada de zinco a cobrir o posto de sentinela, alcandorado no centenário embondeiro. O motor do gerador da luz continua a roncar. Sempre forte e monótono. A alvorada ténue faz distinguir já a silhueta dos edifícios das casernas.
De repente, amanhece em África!

Bebemos uns copos, – largos! – como é costume nas vésperas das grandes operações. Avançaram até as reservas: – as garrafas de whisky que cada um tinha escondido nos seus quartos.
O tenente-capelão dava o gelo e a bênção para cada rodada.
Eram dez horas quando, meio tonto, entrei naquilo a que me tinha acostumado a chamar de meu quarto. O capitão da CCS roncava, como era costume. Às escuras deitei-me.
Penso que dormi umas duas horas.
Acordei com um terrível pesadelo. A chuva grossa cai desamparada sobre as folhas de zinco do barracão. De repente, parou. A cama foi ficando cada vez mais pequena. Os roncos do gordo capitão são cada vez maiores. O silêncio da África é absoluto. O calor é húmido e peganhento. A insónia, clara e deprimente. Como seriam os próximos dias?
Só Deus poderia saber. Esse Deus que há anos ignorara estava agora ali bem perto e eu quedava-me mudo, sem coragem para lhe falar e muito menos, pedir o que quer que fosse. Pareceria mal só me lembrar Dele quando me sentia à rasca!
O suor ficou gelado. Tenho frio em África!
Mas os soldados, os meninos grandes que eu desmamara? E as famílias que tínhamos deixado? E a Pátria que havia que defender? E a incerteza da batalha que teríamos todos de afrontar? Pelo menos para esses, Misericórdia Senhor!
E se eu morrer? É sempre trágico morrer-se aos vinte e seis anos!
Que frase mais idiota! Mas, vendo bem, pouca falta faria. O meu pai tomaria conta do rapaz e ela, nova e bonita, seguiria o seu caminho. Havia choros, recordações e a certeza de que teria morrido com dignidade. Ao menos isso! Fora esta a vida que escolhera. Eram estes os frutos que ela dava. Tudo menos ter ou revelar que, no fundo, o que tinha era medo. Só os perus morrem de véspera! Mas seria mesmo assim? E o malvado sono que não chega. A merda da cama está toda encharcada de suor.
Tenho medo. Levanto-me. Tenho de arrumar as minhas coisas. Se, por acaso... há que deixar tudo mais ou menos arrumado.
O gordo ressona e peida-se. Nunca fez cerimónia! É assim na caserna, – disse. De noite dorme com um pijama riscado, que julgo nunca ter sido lavado. De manhã veste a camisola interior, cavada e sem alças, que diz ser muito boa para prevenir constipações.
Parece que voltei às camaratas do colégio. Mas este nunca poderia ter lá andado. É velho demais. Sobretudo na alma. Não há dúvida: – podia ser meu pai! Rebola-se, ronca e sonha, e, amanhã, dirá que não conseguiu dormir e continuará a chatear-me porque as rações de combate não estão certas, e eu terei de pagar as que faltam no depósito do reabastecimento da sua, – dele – CCS. Ele pensa ser o dono da guerra. Se calhar, é mesmo! Pelo menos é o dono das rações de combate. Bem pode o Valente dizer-lhe que vem na ordem de operações, mas dali, do seu depósito de víveres, não sai nada sem requisição. Está dito e bonda!
Põe na tal requisição a soberana assinatura ou um estranho gatafunho como visto, e aponta, sempre com um lápis, – tirado da orelha, – no caderninho que trás no bolso da perna das ensebadas calças de serviço.
Já arrumei tudo. Afinal é muito menos do que pensava. Só falta atar o cordel nas malas, para depois lhe porem o lacre. Meses depois as embambas
[1] chegarão ao meu pai, como está escrito nos papéis confidenciais da guerra que todos nós assinamos, por se acaso...
De repente, amanhece em África!

O motor da luz parou.


JS

(cont)

Fotografia de " OsLuenas@groups.msn.com"
[1] Tralhas

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

NATAL EM TEMPO DE GUERRA ... 2

Na região dos Dembos a noite corre pesada. Choveu toda a noite; uma chuva contínua e grossa. A atmosfera está carregada de electricidade. A chuva tamborila nas latas onduladas que cobrem as casernas dos soldados e os outros edifícios.
Durante a noite, as sentinelas foram-se rendendo entre si, pelo simples processo de se despertarem uns aos outros. Sonolentos, num gesto automático e rotineiro, pegavam maquinalmente, na espingarda automática, que estava dependurada ao fundo da cama, e andando e bocejando, seguiam para o posto de sentinela.
À porta da caserna, a chuva torrencial batia-lhes no rosto. Só então acordavam. Voltavam atrás. Calçavam as botas, apertavam os atacadores, vestiam às avessas o poncho impermeável, com a parte de borracha para fora – só assim aquilo abrigava da chuva! – protegiam carinhosamente a arma e corriam para o embondeiro. Ai estava montado o posto de sentinela.
Um outro, que procedera de maneira idêntica, vinha completar o posto de sentinelas dobradas.
– Éh pá, chove como merda!
– Esta hora é a que mais me custa fazer. Estava a sonhar com umas gajas bestiais, quando aquele sacana do Gordinho me foi chamar!
– Óh Guerreiro, deixa-te de galgas. Não me adormeças com histórias! Hoje, em véspera de operação, estavas mas é a cagar-te com medo de o capitão te engatar. Que porra de guerreiro és tu?
– Não me "chates ", nem te ponhas para aí com bocas. Eu não tenho medo de nada. Se o capitão me não mandar p'rà guerra, é porque sabe que me dão ataques e vejo muito mal. Ele também precisa de um tipo de confiança, como eu, para tomar conta da caserna, enquanto vocês estão lá fora.
– Tu és é um "arame-farpado"!
Apalpando com os dedos a arma do camarada, continuou, com o seu sotaque arrastado de madeirense
– Olha pá… tens a bala na câmara?
– Atão nã havia de ter?
– Deixa lá ver mas é essa merda. – Sem que o outro opusesse qualquer resistência, tirou-lhe a arma da mão, sacou o carregador e, puxando a culatra atrás, fez saltar o cartucho da câmara, acrescentando: – Pega lá, não me fodas; mete o carregador no bolso. Segura bem essa porra da espingarda e aponta isso bem p'ra lá, pois o Diabo disparou uma tranca. Tu és muito nervoso e isso contagia a arma!
Acendeu um cigarro e, imediatamente, ocultou-o na mão.
– Não fumes, pá. Vem aí o sargento da ronda e dá uma bronca, a ti e a mim.
– Deixa lá. Quando eu o sentir apago a beata.
– Bem, afinal contas, ou não, esse sonho das gajas?
– Óh Madeira, tu és um gajo porreiro! Há aí uns sacanas com quem é impossível fazer guarda. Passam o tempo a implicar comigo, oferecem-me porrada e chateiam-me os cornos, porque eu gosto dos doces das rações de combate! Tu, lá na caixa, não tens lá uns docitos que me queiras dar?
– Já mo podias ter dito há mais tempo. Tenho lá uma quantidade enorme dessa merda, que deito fora.
– Para mim são muito bons!
– Não há dúvida. És um verdadeiro "arame farpado"! Se andasses na mata, nem os querias ver. Qualquer dia o capitão empurra-te para um desses PI's, onde se está parado uma semana… e então é que te vais fartar dos doces das rações! Olha que o gajo tem a mania de dizer que a guerra é para ser feita por toda a malta.
– Se ele me quiser mandar, eu alinho.
– Que remédio tens tu, pá!
– Amanhã, quer dizer, daqui por um bocado, tu alinhas p'rà operação, não é, Madeira?
Estendeu-lhe o maço de cigarros.
– Não obrigado. A mim, pá, só me saem duques! Ainda não falhei nenhuma. O capitão fode-me sempre! Como vai à bola comigo... – e imitando o falar do capitão – sô Madeira para aqui, sô Madeira para ali... – e o pobre do Madeira é quem se trama!
– Mas tu já foste louvado e vais ter o prémio Governador-Geral!
– Parece que sim. Noutro dia até mandei a folha da ordem de serviço p´rà minha, numa carta que me escreveu o Saraiva, o escriturário.
– Quantos anos tens, pá?
– Vinte e seis. Sou da idade do capitão. Quando estive no quartel de S. Martinho lá do Funchal desenfiei-me muitas vezes... e os cabrões ferravam comigo na “casa da rata”
[1]. Como eu já era casado, uma vez pedi para me deixarem ir a casa, pois já não havia que comer. Pedi ao sorja[2] da Companhia, que me arranjasse uns dias de licença. O filho da puta não me desenrascou, e eu... pus-me ao caminho e marchei p´ra casa. Tinha lá muito que fazer! A minha, tinha tido naqueles dias um rapaz, que a ia matando. Os dias foram-se passando até que uma bela manhã os “cabeças de giz” da Polícia Militar foram-me lá buscar num jeep. Azar...
– E de tropa?
– Olha, já nem sei bem... talvez uns cinco, eu sei lá... e ainda tenho de terminar esta comissão! Vim por ser “correccional”. Mandaram-me escolher entre o barril do Forte de Elvas e isto aqui! Pelo menos foi isso que me disse o primeiro que me mobilizou. Agora que já cá estou, até nem me importo muito. Ando a pensar em por aqui ficar no final da tropa. Mando vir a patroa e os putos, e toca a viver aqui! Sempre é bem melhor do que lá na Madeira!
– Mas tu bebes demais, óh Madeira!
– Na nossa terra, a gente começa a tomar bebedeiras muito cedo. Era ainda um fedelho quando o meu pai me dava a provar da rija, a aguardente de cana lá da Madeira, sempre que a minha mãe m´o mandava chamar à venda, lá no Porto Moniz. Ai que saudades tenho da nossa aguardente de cana!
– Eu só posso beber coca-cola.... como me dão ataques ....
– Grande merda! Lá no Porto Moniz, há uma mulherzinha a quem davam também ataques... sabes que horas já são, Guerreiro?
– Devem estar a dar as cinco. Temos que “dominar esta pantera”
[3] até que seja dia e nos venham render os gajos da ´CCS[4]. Já não deve faltar muito!
– E isso a ti que diferença faz? Nós vamos embora e tu vais para a caserna e metes os cornos na palha todo o dia.
– Isso é que era bom! Sempre que vocês vão p´rà mata, vou adir à CCS. O capitão é um “lateiro”, filho da puta. Passa o tempo a marrar comigo só porque sou um operacional. Depois vem o chato do major a engatar gajos p´ra irem trabalhar nas obras do poço que ele quer abrir ali na horta. O gajo é uma chaga que nem tu imaginas! Noutro dia, estava eu fechado na caserna a escrever um "bate-estradas"
[5] a umas tipas que engatei nos anúncios do Notícias de Angola, – umas gajas que adoram ser madrinhas de guerra da malta –, quando o sacana, que anda sempre a meter o nariz em tudo quanto é canto, desatou às porradas à porta. Fez-me explicar mais de cem vezes, o que estava eu ali a fazer. Chateou-me a porca e, no fim, disse que me dava um grande “porradão”[6] se me voltava a encontrar ali desenfiado. E vê lá tu, pregou comigo, eu, um doente, a cavar e a tirar terra, toda a semana, nesse maldito poço. Fartei-me de lhe dizer que me davam ataques, mas o sacana cagou-se no assunto e não fez caso. Uma semana no poço! Filho da puta!
– Olha que sempre é bem melhor trabalhar no poço do que andar na mata. No poço sempre se pode fazer sorna!
– Óh Madeira, vocês hoje vão p´rà Maria Fernanda
[7], não é verdade? Ouvi-o dizer ontem na tasca do civil. Aquilo é bem fodido!
– A mata é muito fechada e lá os “turras” têm força como o caralho!
– Éh pá... se te queres dormir um bocado encosta-te ali p´ra trás. Ai não chove. Se aparecer o sargento eu chamo-te, e não há problema.
– Tu deves estar é maluco! Assim que eu me dormisse, tu já estavas a ressonar. Depois estávamos os dois bem fodidos quando o furriel nos agarrasse a sonhar!
– Gramava que tu descansasses! Hoje tens de ir p´rà mata e ainda mais com a puta da MG às costas... deve ser pesada como um raio!
– P´ra mim dá igual. Começa mas é a contar lá essa merda do sonho!
– Foi um sonho bestial! Sonhei que estava na cama com cinco gajas muito boas... umas tipas “boazonas” lá na minha terra...
JS
(cont.)
Fotografia de " OsLuenas@groups.msn.com"
[1] Prisão
[2] Sargento
[3][3] Estar de sentinela
[4] Companhia de Comando e Serviços
[5] Aerograma
[6] Punição
[7] Fazenda de café nos Dembos e na margem direita do rio Dange

Uma espécie de guerra ..... a sério

Nota : na enventualidade de o vídeo não correr bem , deveis deixá-lo seguir até maios ou menos 75% do seu caminho, de seguida clicar e carregar no indicador e trazê-lo até quase ao princípio..

NATAL EM TEMPO DE GUERRA... 1


À memória do nosso Camarada,
VENÂNCIO MARINHO CRUZ,
morto em combate em ANGOLA, em 1968,e condecorado, a Título Póstumo,
com a Medalha de Valor Militar de Prata, com Palma.

A dança ia começar! Ia ter início a operação a fazer até ao fim do ano de 1966.
Mentalmente, o capitão da Companhia Charlie do Batalhão de Cavalaria, recordou os efectivos de que dispunha. Talvez três grupos de combate
[1]. O que importava agora, era saber qual o objectivo inimigo que iriam atacar.
Calmamente, apagou o cigarro no improvisado cinzeiro feito de uma das latas das rações de combate, pregado na madeira do pré-fabricado, "ÁREA RESERVADA ".
O capitão das operações estava sentado à mesa de trabalho.
– Então vamos ter festa?
– Vamos fazer uma operação de Batalhão.
– Muito bem. Conte coisas.
– Vamos atacar um quartel inimigo. Situa-se na margem direita do Dange, para os lados da Fazenda Maria Fernanda. É um quartel do MPLA. Vamos ali à carta de situação para eu lhe mostrar o objectivo.
Atravessaram a sala até à parede tapada por uma cortina. O sargento auxiliar das operações afastou-a.
No plástico estavam assinaladas, com muitos círculos e triângulos vermelhos, as referencias dos quartéis e agrupamentos inimigos, já que ali não havia populações.
– Como você pode ver, aqui, no fundo deste rio, junto da foz com o Dange, tem o MPLA um quartel. Julga-se poderem lá estar cerca de trezentos “turras”, bem armados. Há notícias da presença de eventuais instrutores cubanos. Têm atacado em emboscadas, na estrada do Piri e na picada que vai da Maria Fernanda à Missão.
– É aquele quartel referido no último "perintrep
[2]"? Diziam ser a maior concentração inimiga no Norte de Angola.
– É esse exactamente. Julgo contudo que, se o atacarmos de surpresa, iremos ter grande sucesso. Basta um pouco de sorte. Vamos empenhar na operação as três Companhias operacionais do Batalhão. Você, por ter a tropa mais descansada, fará o golpe de mão ao objectivo. A Alfa desce desde a picada da Missão, por este rio abaixo – apontava na carta – para dar tempo a que a sua tropa se aproxime do objectivo. Ao nascer do sol, no dia D, a aviação desencadeia um bombardeamento, competindo à Companhia Alfa impedir a retirada dos elementos inimigos que eventualmente pretendam vir a escapar-se pelo rio Dange. A Bravo constituirá de reserva do comando. O posto de comando será montado na fazenda Margarido, onde, como sabe, há a pista de aviação. Eu e o Comandante, iremos para lá durante a operação.
– Mas a distância da picada entre a Maria Fernanda e a Missão ao tal quartel inimigo é muito grande. Deve ser mais de um dia de caminho.
– Não há problema, pois a PIDE tem um prisioneiro que conhece bem a região. Você vai levá-lo como guia.
– Segundo li no "perintrep", todos os trilhos de acesso ao quartel estão armadilhados. Eles têm vigias sobre a picada e os trilhos.
– Parece que assim é. Você e a sua tropa vão ser lançados de noite. Quando o sol nascer já estarão infiltrados na mata e muito longe da picada. Resumindo: irão daqui para a Maria Fernanda em coluna auto. A Companhia Bravo incorpora-se na mesma até à Fazenda Margarido. Para garantir a eficiência das comunicações e guarnecer o posto intermédio de transmissões, um dos seus grupos de combate ficará na Missão. Sob o seu comando, os outros dois grupos de combate fazem o golpe de mão.
– Mas para aquele objectivo decisivo, não acha pouco só dois grupos de combate? Nós vamos atacar! Não vamos defender!
– Você sabe tanto quanto eu: quantos mais forem, maiores são as possibilidades de não ter sucesso no golpe de mão. O factor da surpresa aqui, é determinante. – Acendeu um cigarro e continuou: – No dia D menos um, de madrugada, cerca das quatro da manhã e já sem lua, a coluna auto parte da Maria Fernanda para a Missão. Vocês saltam das viaturas em marcha, de modo a não denunciarem o local do lançamento. Internam-se imediatamente na mata e, uma vez reagrupados, iniciam a marcha. Até aqui tem alguma dúvida?
– Não. Pode continuar.
– Como lhe disse, a Companhia Alfa também irá consigo até à Missão. Quando o sol nascer, inicia a progressão apeada nesta direcção – marcou, com o lápis dermatográfico, uma seta azul no transparente – enquanto o tal grupo de combate toma conta das viaturas, guarnece a posição e vai preparar e melhorar a posição defensiva para as transmissões. É possível que os “turras” venham a chatear com pequenas flagelações. Até será bom para si. Servirá de manobra de diversão. Há imensas probabilidades de não serem detectados.
– Não sou tão optimista. Depois se verá, como diria o cego...
– Como está realmente a sua Companhia no que diz respeito a efectivos?
– A malta está muito apalpada ainda da operação Quissonde... de qualquer forma, poderei arranjar dois grupos de combate, reduzidos, claros!
– Somente dois grupos? O que é feito do resto do pessoal da Companhia?
– Há gente no Hospital em Luanda e ainda não foram feitos os recompletamentos
[3] desde que saímos de Lisboa. Mas para este tipo de acções nem todos servem. Há que fazer selecção e uma selecção, entre tão poucos, não garante lá muita qualidade, não acha?
– Os que não sirvam para ir ao golpe de mão podem ficar no grupo de combate que guarnece a Missão.
– Não é aí que está o problema, mas sim, na escolha daqueles que têm de ir comigo. Também não vou mandar para a Missão só pessoal que não possa resistir, pois tenho a certeza, diria que absoluta, de que irá haver “molho” de verdade. Não me passa pela cabeça pôr no posto intermédio de transmissões, fundamental para a manobra, só guarnecido por "bazarucos
[4]"!
– Fará como entender. O problema é seu. A partir de amanhã teremos à nossa disposição, um avião DO-27 para o posto de comando. No dia D, ao amanhecer, quatro jactos farão um bombardeamento de ataque ao solo. Depois, como você já deve estar perto, fará imediatamente a exploração do sucesso. Pode até orientar e pedir o apoio de fogo que quiser. Os jactos são comandados pelo seu amigo major Brito. Acredite: vai ser um sucesso para si e para o Batalhão. Imagine a cara dos "ares condicionados" do Quartel-General em Luanda, quando souberem que nós, somente com o Batalhão, fomos capazes de tomar o grande quartel N'Galama Piri ao MPLA!
– Veremos depois. O terreno é muitíssimo acidentado e a vegetação não pode ser mais densa; nem se conseguem ver os aviões. As transmissões são outro problema. Nesta época de cacimbo tenho sérias dúvidas de que os jactos tenham tecto
[5] logo de madrugada.
– Aqui tem o seu exemplar da ordem de operações. Não se esqueça de contactar o Migalhinhas por causa da sintonia de todos os rádios.
– Muito bem. Por quantos dias vai durar a operação?
– Estimamos quatro ou cinco dias, incluindo as marchas de ida e volta.
– Isso é que é optimismo! Na melhor das hipóteses regressaremos na véspera do Natal. Se houver um “atascanso” na picada ou coisa do género, arriscamo-nos a passar a consoada a ração de combate e o Natal aos tiros!
– Olhe, meu caro, isto é uma guerra. Não é uma colónia de férias. Tudo o que necessita saber está na ordem de operações. Resta perguntar ao Comandante se lhe quer dizer alguma coisa.
Dizendo isto, atravessou a sala, desviou a cortina, e entrou na pequena dependência, que servia de gabinete do coronel.
– Dá licença, meu comandante? Está aqui o comandante da Charlie. Recebeu já a ordem de operações para a operação "Alta Escola”.
O comandante assomou à porta.
– Boa tarde, capitão. Parece que o oficial de operações já lhe explicou tudo. Se tiver algum problema de logística, fale com o nosso major. Recomendo-lhe pontualidade na saída. Detesto atrasos.
– Farei por que haja pontualidade.
– Dá licença, meu comandante?
O padre capelão, sem esperar resposta, ia entrando. Esfregando as mãos, aproximou-se da mesa do Comandante.
– Há novidade, capelão?
– Disseram-me que vai haver uma operação muito grande, e vinha lembrar, que temos preparada a festa do Natal... se vão todos os homens que temos estado a ensaiar, não sei como irá ser...
Uma vez mais, os altos segredos da guerra tinham falhado. Lá fora já toda a gente sabia! O tenente capelão continuou:
– Se os rapazes da orquestra e os que têm estado a ensaiar não forem dispensados, julgo que não vai haver festa de Natal.
– Capelão, quem lhe disse que iria haver uma grande operação?
– Ai, meu capitão, toda a gente o sabe! A mim disse-mo o sacristão, por o ter ouvido a outros soldados na loja do Russo. Agora veja, quando aquele pateta o sabe... isto no fundo é uma grande família, meu comandante!
O capitão de operações reagiu:
– Assim não pode ser. Há aqui uma fuga de informação impressionante. Os nossos planos, a estas horas, já devem ser do conhecimento dos “turras”, com tantos assalariados que tem o civil! Isto assim não pode ser!
– É efectivamente uma grande maçada esta fuga do segredo!
Disse o comandante, sempre imperturbável; voltando-se para o capelão, acrescentou:
– Capelão, haverá festa de Natal e operações; não se preocupe! Mais alguma coisa?






nota: ESTA SÉRIE DE ARTIGOS TEM UM FUNDO MUITO REAL. FOI RETIRADA DO LIVRO DE BERNARDINO LOURO, "ESCRITAS NA AREIA" a publicar no próximo ano.






(cont)


Fotografia de " OsLuenas@groups.msn.com"
[1] Um grupo de combate tinha cerca de trinta homens
[2] Relatório periódico de informações operacionais
[3] Substituição de combatentes
[4] Novatos
[5] Altura para operação das aeronaves

40 anos Bcav1883 - 1ª Reunião para ...

Reunimo-nos na passada quinta-feira , no Restaurante "Sapo" em Penafiel com a habitual Comissão Organizadora dos Encontros do n/Batalhão , no sentido de, face ao momento que se irá celebrar ( 40º aniversário ) aligeirar um pouco o seu trabalho e fazermos algumas sugestões.
Foi aí constituída uma Comissão Organizadora dos 40 Anos do Batalhão , mais alargada e com a presença de pelo menos 1 elemento de cada companhia. Brevemente indicaremos os seus nomes e objectivos ( vidé carta em baixo ) e contamos desde já com todos vós.
Faltou o Alberto David pois anda às voltas com um pé partido . Rápidas melhoras..

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Não tires (experiência)





http://photos1.blogger.com/blogger/2957/3886/1600/Perfil-BCAV1883.jpg
Meu caro Camarada:

*

Comemorações dos 40 Anos de regresso de Angola do BCAV 1883
*

Tendo como base o trabalho da Comissão, que ao longo destes anos nos tem reunido e congregado, vamos comemorar, no próximo ano de 2008, os 40 anos 40 anos do nosso regresso de Angola.

Para tal, gostaríamos de assinalar esta data como um dos marcos mais importantes das nossas vidas.
Assim:

Constituímos uma Comissão mais alargada que integre um representante de todas as Companhias do nosso BCAV 1883, de modo a chegar a todos e conseguir que alguns que nunca vieram possam estar presentes;

Realizar em Fátima uma Peregrinação para recordar aqueles dos Nossos que em Angola morreram e agradecer à Virgem de Fátima pela protecção que nos tem dado, a nós e às nossas Famílias;

Realizar um diaporama com o maior número de fotos e recordações que possamos conseguir, assim como depoimentos de familiares e camaradas daqueles que lá deram a vida pela Pátria;

Publicar esse mesmo diaporama em forma de livro afim de o mesmo poder ser adquirido por quantos o desejarem;

Levar a cabo o maior convívio de sempre, para homenagear as nossas Famílias e nos podermos abraçar fraternalmente.

Para que todas estas nossas intenções possam poder ser postas na prática é fundamental o teu empenho e a tua máxima colaboração, não só inscrevendo-te desde já e aportando todas as recordações, memórias e fotos, bem como depoimentos de vivências que, se calhar, já estão esquecidas e que são muito importantes para que possam ser conhecidas e divulgadas por todos nós.

Independentemente das notícias que te iremos fazer chegar dos desenvolvimentos de todas estas ações, gostaríamos que nos enviasses a atualização das moradas de Camaradas que saibas e conheças e que desde já te empenhes nesta nossa tarefa, que é a tarefa de todos nós.

Recebe aquele abraço solidário e fraternal dos teus Camaradas da Guerra.

-

Um Abraço Amigo

A Comissão
João Sena